01/08/14
FORMAÇÃO DO POVO
BRASILEIRO
O Brasil
é um país de imigrantes. A situação de
colônia durante grande parte
de seu passado político lhe confere a votação para receber. Ao longo de sua
história povos e etnias de diferentes lugares do mundo deslocaram espontaneamente
ou não em direção às prósperas e verdejantes terras da América tropical, o Brasil.
Hoje o país é reconhecido
internacionalmente como multirracial uma mistura de gente, de traços e feições
as mais variadas possíveis e um conjunto de peles multitonalizadas. Melhor seria
utilizarem o termo técnico correto e, portanto, mais adequado: Miscigenado.
O censo IBGE/2010 desvenda um Brasil composto no
geral de: 47,7% de brancos, 7,6% de pretos (nomenclatura técnica oficial),
43,1% de pardos (incluem todos os tipos de mestiços), 1% de amarelos (origem
asiática), 0,5% de indígenas e os restantes 0,3% compostos de outras etnias ou não
declarados. As diferenças nos percentuais das etnias
presentes em cada uma das cinco macro-regiões brasileiras se explicam na
forma pela qual se deu a ocupação de cada um desses espaços intrinsecamente
relacionadas à economia com sentido na exploração de seus recursos naturais
(pau-brasil, ouro e diamantes, drogas do sertão...) ou na produção de monoculturas
de exportação como as da cana-de-açúcar e do café no passado ou a da soja
atualmente no centro-oeste.
O primeiro grupo étnico (e também o mais
numeroso) ao chegar ao Brasil no início do século XVI, quando essas terras
ainda eram chamadas de Terra de Santa Cruz, foram os portugueses senhores
oficiais das terras a colonizar. Ao longo dos séculos seguintes iriam ocupar,
inicialmente de forma incipiente e mais tarde intensamente, todas as terras do
litoral que se estendiam do nordeste ocidental à capitania de São Vicente
(atual São Paulo) e áreas do interior minerador.
A convivência do homem branco com os povos
ameríndios nativos logo se estabeleceu e o conflito foi inevitável. Os
colonizadores apossando-se de suas terras empurrava-os cada vez mais Brasil
adentro, resultando num lento e contínuo processo de Genocídio e
Etnocídio, que ainda não terminou. Especialistas calculam que havia cerca
de 5 a 8 milhões de indígenas no Brasil, na época do descobrimento. Hoje,
passados cinco séculos, não ultrapassam os 800 mil segundo o IBGE.
A necessidade de mão-de-obra para trabalhar nas
lavouras de cana-de-açúcar, e mais tarde de algodão, tabaco, café e áreas
mineradoras trouxe grande contingente de africanos na condição de escravos
entre meados do século dezesseis e meados do século dezenove. Trezentos anos de
tráfico negreiro, estimados ao todo em cerca de quatro milhões de indivíduos ou
peças como eram chamados os escravos a serem vendidos. A maioria possuía
entre 10 e 20 anos. Uma nova etnia (negra) se incorpora então as duas outras já
existentes (branca e indígena) em terras brasileiras. A miscigenação se
processa, ora de forma mais lenta ora de forma mais acelerada, porém sempre
contínua ao longo dos tempos.
A descoberta e exploração de ouro e pedras
preciosas em Minas gerais e Goiás, já no século XVII movimenta e desloca gente
não só de dentro do Brasil como atrai novas levas de colonos portugueses
embalados pela cobiça e pelo sonho do fácil enriquecimento.
A chegada da família real em 1808 transforma radicalmente
o panorama político, econômico e social da até então simples colônia
portuguesa, a maior e a mais rica por sinal, porém perdida nas longínquas
terras americanas. Nova e grande leva de portugueses (estima-se em cerca de
15mil), constituída na maioria por nobres ou ricos comerciantes, chega ao país
fixa residência na cidade do Rio de Janeiro e seus arredores. Com estes chegam
também, ingleses e franceses, principalmente profissionais liberais como
professores, artistas e artesãos. Mais gente diferente a se misturar em terras
do Ipirapitanga.
O processo de alforriamento que já acontecia
desde os primórdios tempos de colonização, se intensifica ao longo do
século XIX culminando, com a assinatura da Lei Áurea em 1888. O fim oficial do
trabalho escravo mexe radicalmente com o movimento migratório brasileiro.
1)
Quais os três elementos básicos (etnias) na
formação do povo brasileiro? Caracterize cada um deles.
R: Índio -> nativo do Brasil; Branco ->
Português; Negro -> escravo africano.
2)
Por que podemos dizer que o Brasil é hoje um
país multirracial? Que termo melhor se aplica a este conceito?
R: Formado por várias etnias, Miscigenação.
3)
Qual a composição étnica percentual geral do
Brasil segundo censo 2010?
R: 47,7% de Brancos, 7,6% de Pretos, 43,1% de
Pardo, 1,5% de Amarelos.
4)
“As diferenças nos percentuais das etnias
presentes em cada uma das cinco macrorregiões brasileiras se explicam na forma
pelo qual se deu a ocupação de ... ...”
Observando os porcentuais de cada região,
tente explicar suas diferenças significativas analisando cada uma em separado...
Tabela
distribuição étnica por regiões
Brancos %
|
Pretos %
|
Pardos %
|
Amarelos %
Indígenas e asiáticos
| |
Norte
|
23,6
|
4,7
|
71,2
|
1,1
|
Nordeste
|
28,8
|
8,1
|
62,7
|
0,3
|
Sudeste
|
56,7
|
7,7
|
34,6
|
0,9
|
Sul
|
78,5
|
3,6
|
17,3
|
0,7
|
Centro-Oeste
|
41,7
|
6,7
|
50,6
|
0,9
|
Brasil
|
47,7
|
7,6
|
43,1
|
1,5
|
R:
Nordeste -> Pardos; Norte -> Pardos; Sudeste -> Brancos; Sul ->
Brancos; Centro-Oeste -> Pardos.
MIGRAÇÕES
D A
partir de setembro de 1822, após a independência, toda gente nova que chega ao
país para ficar, já pode ser chamado de imigrante e não mais de colono. Em
meados deste mesmo século, ainda no período escravagista, começam a chegar os
primeiros imigrantes italianos e espanhóis para substituir os escravos
(cada vez mais caros e raros) nas lavouras de café de São Paulo. As novas
fazendas de café, que se formavam no interior paulista a partir de 1870 já
buscam mão-de-obra recrutando imigrantes mal desembarcados dos navios no porto
de Santos, litoral paulista. Entre 1884 e 1903 entram no país cerca de um
milhão de italianos e 200 mil espanhóis. A maioria fixa residência no estado de
São Paulo. Ainda e ao mesmo tempo a partir de 1850 (lei Euzébio de Queiroz / fim
do tráfico de escravos para o Brasil) durante o segundo reinado, D.Pedro II
incentiva a colonização da região Sul do país, até então pouco povoada. Oferece
às famílias de agricultores que quisessem se fixar em terras de matas e
planaltos de clima temperado do Sul do país, atrativos como: lotes de terras
(média de 50 ha) ajuda de custo de dois anos e passagens gratuitas a todos.
Atendendo ao chamado, alemães, italianos, eslavos, poloneses, espanhóis e
ucranianos principalmente tomam posse e ocupam as terras de serras e florestas
do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A grande surpresa ficou por
conta da descoberta sob as matas e florestas, de solos de grande fertilidade, a
terra roxa, até então desconhecidas pelos colonos portugueses.
Com o fim da escravidão, com a chegada da República
e da modernidade ao final do século XIX e início do XX o país passa a receber o
maior fluxo de imigrantes de toda sua história.
A imigração japonesa em massa se inicia em 1904.
Imigraram cerca de 140 mil até 1934.
Calcula-se em dois milhões o número de imigrantes
de origem europeia e asiática que entraram no país nas três primeiras décadas
do século XX. Em 1934 na gestão de Getúlio Vargas é assinada a Lei das Cotas,
que reduziu drasticamente e controlou a migração em todo país.
A partir da década de 60 o inimaginável acontece. O
país começa a conviver com o fenômeno da “fuga” em massa de brasileiros para
outros países. Emigrantes brasileiros vão em busca de melhores condições
de vida na rica América do Norte ou na Europa Ocidental. Também descendentes de
imigrantes japoneses no Brasil (Nissei e Sansei) fazem o caminho inverso de
seus pais e avós e buscam empregos e melhores salários nas cidades e indústrias
no Japão. O Brasil miscigenado do século XXI começa a mostrar sua cara.
Novos processos estão se consolidando. Um movimento
migratório interno, iniciado a partir dos anos 60 em direção ao
centro-oeste e a região Norte se intensifica. Novas fronteiras agrícolas
a desbravar. Em Rondônia, estado amazônico e, portanto de tradicional população
de maioria cabloca, (mestiços de indígenas) já começa a mudar de cor com
a chegada de levas de migrantes da região sul, em sua maioria loira,
descendente de imigrantes europeus. O processo de formação de minifúndios nas
terras do sul faz a repulsão. As férteis (com manchas de terras roxas) e
até então baratas terras de Rondônia fazem a atração. O Centro-Oeste é
hoje a região que mais cresce economicamente no país e juntamente com a Norte
lideram o crescimento populacional percentual. Brasília, jovem capital de pouco
mais de 50 anos, já sofre com o rápido processo de conurbação. Palmas,
cidade planejada, inaugurada em 1989 e capital do mais novo estado brasileiro
Tocantins, já ultrapassa os 230 mil habitantes.
As grandes cidades já não atraem tanta
gente. As pequenas e médias crescem em ritmo mais acelerado surpreendendo as
grandes Metrópoles. O movimento migratório interno histórico da
região nordeste em direção ao sudeste perdeu força e já se contabiliza um
movimento inverso de forte retorno atraído por uma economia regional
dinamizada, com crescente mercado consumidor impulsionado por políticas
públicas de redistribuição de renda, grandes obras e projetos de infraestrutura
além de incentivos fiscais concedidos pelo governo às empresas que queiram lá
se estabelecer.
O que poderá modificar a cara do povo brasileiro ao
longo deste século XXI?
Com a queda constante e acentuada da fecundidade
da mulher brasileira, as estimativas já apontam para os anos 2025/35 o inicio
do declínio numérico da população do país.
O que virá em seguida?
A falta de trabalhadores nativos poderá atrair
novas levas de “estrangeiros” num futuro próximo, semelhante ao que acontece
hoje nos países mais ricos da Europa? A mídia já dá notícia de trabalhadores,
imigrantes ilegais (bolivianos, ou angolanos em geral) “escondidos” e
trabalhando em condições sub-humanas, em empresas e fabriquetas também ilegais,
em diferentes cidades do Sudeste brasileiro. Venezuelanos ultrapassando as
frágeis fronteiras amazônicas se estabelecem, ilegalmente, cada vez em maior
número, em pequenas e medias cidades da Amazônia.
O que vai acontecer? Novas levas de imigrantes e
etnias se incorporarão no futuro, assim como aconteceu no passado, ao nosso já miscigenado
povo brasileiro? Qual será a cara do povo brasileiro ao final do século XXI?
1)
De que maneira o ciclo da mineração mexeu com os
fluxos populacionais no país?
R: A descoberta e exploração de ouros e
pedras preciosas em Minas Gerais e Goiás, já no século XVII movimenta e desloca
gente não só de dentro do Brasil como atrai novas levas de colonos portugueses
embalados pela cobiça e pelo sonho do fácil enriquecimento.
2)
Que tipo de gente a transferência da família real
trouxe para o país?
R: Nobres ou Ricos comerciantes.
3)
De que forma as leis abolicionistas mexeram com
a composição étnica brasileira?
R: Possibilitou a imigração no Brasil.
4)
Qual a nacionalidade do grupo étnico branco mais
numeroso que chegou ao país? Quando começam a chegar e onde se fixaram
principalmente?
R: 1 milhão de Italianos que entraram no país
– Estado de SP.
5)
Qual o segundo grupo europeu mais numeroso? Para
onde foram?
R: 200 mil espanhóis que entraram no país –
Estado de SP.
6)
De que forma o imperador D..Pedro II atraiu
imigrantes europeus para povoar o sul do Brasil?
R: Ele oferece as famílias de agricultores
que quisessem se fixar em terras de matas e planaltos de clima temperado do sul
do país, atrativos como: lotes de terras, ajuda de custos de dois anos de
passagens gratuitas a todos.
7)
Por que o fluxo de imigração se torna tão
intenso a partir do final do século XIX e início do XX?
R: Por causa do fim da escravidão, com a
chegada da republica e da modernidade ao final do século XIX e início do século
XX.
8)
Por que cai bruscamente a imigração a partir da
década de 30?
R: Por causa da imigração japonesa em massa.
9)
Qual a(s) região brasileira recebe, hoje, maior
contingente de imigrantes no Brasil? Que
tipo de imigrante o Brasil atrai hoje?
R: Norte e Centro-Oeste. Da região Sul
(agricultores).
10)
Quando começa o processo de emigração no Brasil
e quais os principais destinos? Por que o brasileiro emigra?
R: Na década de 60, em busca de melhores
empregos e salários (América do Norte, Europa Ocidental e Japão).
11) Onde estão acontecendo hoje, os principais fluxos
de migração interna (indique de onde partem, para onde vão e porque) no Brasil?
R: Do sudeste para o nordeste, atraídos por
economia regional.